Uma colega comenta acerca da “grande sacada” do economista Eduardo Gianetti, do IBMEC, para resolver os problemas de desenvolvimento econômico da nação: o fim da Justiça do Trabalho.Esclarece ainda o ilustre estudioso: “A Justiça do Trabalho torna o contrato de trabalho um contrato de risco muito grande”.
Não me surpreende. Diariamente, seja aqui em Lagoa Vermelha, seja no centro do país, ouço esta mesma ladainha: “o problema do crescimento é a Justiça do Trabalho”.
Como assim? Um empresário sonega os direitos trabalhistas de seus empregados e não quer que eles tenham uma forma pacífica de se opor a esta expropriação?
Não é uma invenção brasileira ou comunista. Direitos trabalhistas são coisa de país desenvolvido. Quem não os tem é a China, onde seus trabalhadores são obrigados a prestar serviços por horas a fio, em benefício do Regime.
Países que querem criar uma economia forte, com trabalhadores com alto poder aquisitivo para poder incentivar o consumo interno lhes asseguram direitos. O salário deve ser bom, de modo que os empregados possam adquirir seus produtos – lembram de Ford? – a jornada deve ser de oito horas para que os trabalhadores tenham condições de consumir lazer, serviços, produtos supérfluos, deve haver férias para que se desenvolva o turismo e gratificação de Natal para que o consumo aumente a níveis vertiginosos no final do ano para que os empresários possam todos encerrar o ano no azul.
E deve haver Justiça do Trabalho para que tudo isso aconteça. Pois para o empresário é interessante descumprir os direitos trabalhistas de seus empregados, mas não é interessante que todos o façam, senão, aí sim, a economia entra em colapso.
O grande problema é um crescimento desenfreado de uma visão direitista extremamente burra, que louva os valores do capital. Mas este capital que se louva é o capital concentrado, nas mãos de uma elite que, sem tempo nem vontade de gastá-lo no mercado interno, deposita-o em um paraíso fiscal e vai consumir na Europa.
Não acho razoável qualquer opção política radical. O PT de hoje não é nem de longe o PT do meu tempo de faculdade, em que eram vestais da ética e da moralidade e que mesmo para ingressar no partido era necessária a indicação por outros filiados, como um atestado de ideologia. Mas o partido evoluiu. Assumiu idéias e práticas de seus opositores e agora transita com desenvoltura na política tradicional.
O bom é a alternância de um regime democrático. Se um governo acha que o importante é construir estradas e o outro incentivar a exportação e um terceiro construir escolas ótimo. São todas opções muito importantes para o desenvolvimento do país. Escolhamos o que entendemos como prioridade e o elejamos. Sem mágoas ou revanchismos.
Afinal os políticos se reservam o direito de trocar de idéia – o Delfim não está flertando com o PT? – porque nós temos que ser fiéis às suas bandeiras?
P. S.: Minha intenção inicial era, de alguma forma, incluir no meu texto um link para este artigo que me parece preocupante, mas o texto acabou e não consegui fazê-lo. Em todo caso acho que a leitura seria interessante: Folha de S. Paulo destaca ascensão da direita na mídia.