Manda quem quer, obedece quem precisa.
Esta é a lógica da minha operadora de TV por assinatura.
Feliz porque a partir de junho a empresa não poderia mais cobrar por pontos extras, mandei instalar mais dois. Um no escritório, onde eu fico a maior parte do tempo, mas no qual a televisão recebia apenas os canais da TV aberta (para poder, por exemplo, transmitir ao vivo minhas impressões sobre julgamentos importantes na TV Justiça). E outro no quarto de hóspedes, futuro quarto das crianças.
Qual não foi a minha surpresa, no entanto, ao receber a minha conta agora acrescida de uma nova tarifa, coincidentemente no mesmo valor da anteriormente cobrada sob o título de ponto-extra, mas agora com a rubrica de “serviços de conexão”.
Paradoxalmente muitos juízes consideram esta atitude inerente à prática comercial, sendo que as cláusulas, que a própria lei (O Código do Consumidor) considera abusivas, não raro são tidas como regulares. motivo pelo qual eu já nem me socorro mais do Judiciário para este tipo de controvérsia, nada obstante eu, em minha humilde leitura, acredite que os meus direitos enquanto consumidor estejam sendo violados.
Nos últimos tempos apresentei uma série de demandas, todas alicerçadas no Código de Defesa do Consumidor. Infelizmente o placar eu x empresas está dando empresas de lavada.
Em algumas oportunidades até poderia atribuir alguma derrota à minha inabilidade de conduzir um processo perante os Juizados Especiais, já que na maior parte das ações eu não conto com advogado.
Todavia se estes tem justamente a finalidade de acesso à Justiça aos leigos, o que lhes restará se eu, embora com algum conhecimento jurídico, tenho extrema dificuldade de apresentar uma demanda vencedora, nada obstante convicto do meu direito, embasado em uma lei federal, cujo conhecimento e cumprimento deveria ser geral?
Se eu, como cidadão, descumpro uma regra legal, apropriando-me do que não é meu eu serei considerado ladrão, se eu for uma grande empresa, que exerce sua atividade mediante concessão pública e em regime de monopólio isso é prática comercial?
[…] Eu, contudo, já estou contando com o famoso “jeitinho brasileiro” que, com certeza, fará com que nós brasileiros, ao exigir o cumprimento da norma, fiquemos com cara do otários. […]
[…] reconhecer que algumas empresas suspenderam a cobrança do ponto extra, conforme relata o Jorge do Direito e Trabalho, mas passaram a cobrar uma nova taxa: serviços de conexão. Essa atitude é comum, ocorreu também […]
Este mesmo raciocínio está sendo usado no Congresso para criar um novo imposto do cheque, pra destinar o dinheiro pra Saúde.
Algo que já foi feito, todos os brasileiros sabem que o dinheiro foi desviado para outros fins,
mas os políticos querem fazer a mesma coisa de novo.
Ou seja, os políticos querem convencer ao povo brasileiro, com essa atitude deles,
que eles merecem a confiança dos eleitores?
Isso nos mostra que os empresários seguem o exemplo dos legisladores.
É o fim dos tempos. A Anatel fez uma redação fraquíssima, que permitiu esta pouca vergonha por parte das operadoras. Também caí no conto do vigário. Assinei um ponto adicional e agora estou pagando pelo mesmo.