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O caso sueco

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Em um curto período da minha vida em que eu resolvi ser um investidor no mercado de capitais eu sofri algumas tremendas angústias. Tentei me socorrer de profissionais de onde obtive orientações gerais e, algumas vezes, algumas dicas de aplicação. Pois bem. Era bastante comum que, logo ao efetuar uma compra de uma ação cujos indicativos eram todos de alta, ela caísse vertiginosamente. Assim era muito frequente ter perdas diárias de 10% ou até mais dos meus investimentos, o que me fazia ter um grande arrependimento imediato e, muitas vezes, interromper a operação, amargando a perda, mas, na minha cabeça, acreditando estar evitando uma perda ainda maior. Aí depois a ação valorizava, conforme projeções dos especialistas e eu tinha a “oportunidade” de ter uma nova frustração. Assim como lamentava a perda, também lamentava não ter usufruído do respectivo ganho.

Olhando os gráficos da Suécia, me parece que houve algo muito semelhante.

Tudo o que eu esperava, ao nos confrontarmos com esta pandemia, tendo todo o aparato tecnológico e de História Natural que temos, era que cientistas sérios e honestos se unissem para colocar todos os dados disponíveis em uma simulação computacional para termos as melhores projeções possíveis.

Obviamente sabíamos que não nos salvaríamos todos. Seres humanos são mortais e se já morríamos de gripe e outras síndromes respiratórias, além de todas as demais causas naturais ou violentas de morte, como ataques cardíacos e acidentes de carros, não se poderia esperar que fosse diferente ao longo da pandemia.

No entanto, surpreendentemente, se optou pela reclusão. Este comportamento é instintivo e natural. Mamíferos e outros animais superiores, quando assustados acabam se entocando, o que tem, ao longo da Evolução, permitido as suas respectivas sobrevivências como espécie. No entanto o entocamento acaba criando outras consequências.

Sem querer dar como encerrado o debate, é importante que voltemos os olhos para a Suécia e a sua solução menos radical. Se ela resultou em um número elevado de mortes no curto prazo – que resultou até em uma precipitada admissão de erro (em 04/junho) – também é verdadeiro que permitiu que os casos caíssem vertiginosamente, consoante se pode verificar hoje. Assim, se vamos, de fato, agir de forma científica, é muito importante que usemos o exemplo sueco ao menos para parametrizar as decisões no futuro.

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