O Rafael parece estar preocupado com o que o Estadão pensa dele. Se trata da nova campanha de publicidade do jornal que, certamente notando que está perdendo mercado para os blogs, resolveu dar uma assustada nos nossos frágeis leitores, evitando que eles leiam toda esta porcaria que escrevemos.
Não sei se a questão é de se preocupar não. Em primeiro lugar, a campanha não é nenhum primor de inteligência e nosso mais despreparado pára-quedista já deverá perceber pela primeira peça publicitária que o Rafael apresentou que há algo de errado:
Pois é, se este é o cidadão que estaria por trás de um blog que diz como agradar as mulheres seria exatamente aí que eu iria procurar as dicas que preciso, ou vocês acham que precisa ser o Paulinho Vilhena que dê dicas acerca disso?
Se o Paulinho Vilhena resolver dar dicas de como agradar as mulheres isso apenas valeria se o leitor fosse, no mínimo, o Paulinho Vilhena. Agora se o Fredão dá algumas dicas que lhe rendam, digamos, uma gata em cada 100 tentativas, então Fredão é o cara.
No entanto, brincadeiras à parte, podemos assegurar que boa parte da credibilidade de um blog ou de um outro meio de comunicação tradicional está no nome de seu autor e no bom senso de seus leitores.
E convenhamos atirem a primeira pedra quem confia plenamente na grande imprensa. Eu pessoalmente, embora procure bons jornais e boas revistas para me atualizar, em 100% das oportunidades em que tinha conhecimento do assunto noticiado, o vi fortemente distorcido na imprensa. Às vezes nem por má-fé, mas por ignorância mesmo.
Afinal a faculdade de Jornalismo, por melhor que seja, não ensina Direito, Medicina, Engenharia ou Aviação Civil. Portanto muitas vezes o jornalista tem que preparar “correndo” um texto e não tem tempo (ou a arrogância não lhe permite) de consultar um técnico da área para dar uma “olhada” nos absurdos decorrentes de sua laicidade.
Assim muitas vezes leio que um juiz deu um parecer ou que o Ministério Público determinou algo, ao passo que quem determina é o juiz e quem requer, ou opina, no processo é o Ministério Público, isso apenas para dar um exemplo dos mais básicos da área do Direito.
Por isso apenas em situações extremas eu me arrisco a dar alguma opinião baseado apenas na notícia do jornal ou televisão.
Não podemos esquecer, também, que não raro, quem dá a “barrigada” é a grande imprensa, como no caso do “asteróide Pallas” em que grandes portais de notícia (o Estadão eu não lembro, mas a Folha, com certeza) permitiram que o grande público acreditasse, através de uma publicidade montada, que a Terra receberia o choque de um grande corpo celeste, mas que não passava de uma propaganda de lançamento de um veículo.
Aliás a “alegoria” do macaco utilizada pelo Estadão em sua campanha anti-blogs nos faz pensar acerca da “Teoria do Macaco Eterno” que consiste, mais ou menos, na idéia da existência de um macaco em frente a um computador digitando por um tempo infinito. Assim tendo todo este tempo à disposição se suporia que o macaco poderia escrever palavras, textos e, quem sabe, até um livro ou um clássico, pois se o tempo é infinito se pressupõe que o macaco poderia testar todas as possibilidades de combinações de letras e palavras. Encontrei um texto que fala mais ou menos sobre isso na Internet que é este. Mas quem recordo ter abordado isso foi Luís Fernando Veríssimo em uma crônica e o revisitou no livro Borges e o Orangotango Eterno, cuja aquisição e leitura recomendo.
Finalmente respondendo à pergunta do Rafael acerca do dano moral do Estadão. Não Rafael o Estadão não cometeu nenhum dano à nossa imagem, ao contrário fez uma bruta propaganda nossa – espero que não nos cobre.
[…] seus direitos, o que seja – qual era a chance de outras pessoas saberem do seu problema, ou mesmo se envolverem nele, ou ouvir o outro lado? No máximo, se fosse algo muito, mas muito absurdo, você seria […]
[…] O Estado de São Paulo, vulgo Estadão, há algum tempo atrás desenvolveu uma campanha para desacreditar blogs, consoante, inclusive, já foi referido aqui. […]
[…] seus direitos, oque seja – qual era a chance de outras pessoas saberem do seu problema, ou mesmo se envolverem nele, ou ouvir o outro lado? No máximo, se fosse algo muito, mas muito, revoltante você seria […]
Jorge, a teoria do Fredão ficou perfeita (assim como o restante do texto).
Também acho que o Estadão só fez publicidade free e de quebra ainda nos ajudou a refletir sobre a importância de nossos textos e sobre o quanto já avançamos na nossa ainda incipiente blogosfera.
Abraços
Então se ele quiser cobrar eu processo!! =D