Por trás desta situação uma categoria de trabalhadores: os controladores de vôo. Sua forma de protesto? Operação padrão. Ou seja para demonstrar a forma negligente como estão sendo monitorados os nossos céus, apenas seguiram o manual, impedindo a decolagem de aeronaves em número superior ao que poderiam observar, em conformidade com as normas internacionais.
Noticia-se que os controladores do tráfego aéreo nacional têm uma rotina de trabalho de oito horas diárias, percebem salários em torno de R$ 2.000,00 mensais e têm pouquíssima fluência em inglês, língua internacional da atividade e que, portanto, deveria ser dominada por todos.
Nós, passageiros ocasionais, gostamos de acreditar que, quando estamos nas alturas, a milhares de pés do solo, não apenas a tripulação, mas uma outra equipe de profissionais qualificados está zelando por nós, acompanhando pelo radar a nossa viagem, a cada metro voado e que somente desgrudará os olhos de nosso vôo quando pousarmos com segurança no nosso destino.
Agora vimos o rei nu. A especialista em segurança do trabalho aéreo, Rita de Cássia Seixas Sampaio, que teve a vida de seu marido ceifada no acidente do Fokker 100 da TAM em 31 de outubro de 1996, alertava desde 1999 para o fato de que cada controlador de vôo que deveria tomar conta de no máximo 5 a 6 aeronaves (o que já aparenta um exagero) na verdade observa no seu radar 12, 14, 20, 21… sendo necessário, não raro, tendo em conta a baixa remuneração, dobrar a jornada prestando outros serviços para sustentar sua família.
Noticiam os órgãos de imprensa que nos Estados Unidos a média entre o número de decolagens e de trabalhadores nesta atividade é infinitamente superior à nossa e que sua jornada é de quatro horas e os salários em torno de US$ 8.000,00.
Novas investigações dão conta que no acidente com o Boing da Gol, que vitimou 154 pessoas, houve, efetivamente, por parte da torre de controle, autorização para que o Legacy mantivesse a altitude de 37000 pés, sem que isso, no entanto, minimize a imperícia dos pilotos daquela aeronave, que sabiam (ou deveriam saber) que trafegavam em uma aerovia no sentido invertido e com o transponder (equipamento de segurança, que aumenta a visibilidade aos radares, inclusive para as demais aeronaves) desligado. Mais ou menos como dirigir à noite na contramão com os faróis apagados. Entretanto se houvesse na ocasião um número suficiente de controladores de vôo, atentos ao sumiço do Legacy nos radares, talvez a história fosse diferente, principalmente porque as causas de grandes tragédias são, via de regra, a sucessão e soma de pequenos e insignificantes erros.
No Brasil pelas nossas leis trabalhistas diversas categorias têm jornadas especiais em decorrência do maior desgaste que ocasiona a profissão, assim como pisos salariais correspondentes à complexidade de suas atividades. Ademais até hoje não foi ainda regulamentado o adicional previsto na Constituição de 1988 para atividades penosas, dentre as quais, sem sombra de dúvidas, se enquadrariam as dos controladores de vôo. Não parece má idéia outorgar a estes profissionais tais direitos, principalmente tendo-se em consideração que deles depende a nossa segurança pessoal.
Veja a crise é generalisada no setor, observe que existe uma crise surda que não é muito levada em conta. E o total desrespeito pelos direitos trabalhistas por diversas empresas aéreas, nos ultimos 5 anos milhares de trabalhadores foram demitidos sem nada receber, salario atrasados , nao recolhimento de fgts e nao entrega do PPP, nao e feito o levantamento ambiental do local de trabalho dos aeronautas NR 9 etc.
Isso tudo silenciosamente mantido em secredo, através do poder do carimdo de demitido.