O Blog do Aderbal Machado, dentre outros tantos, repercute uma notícia – já antiga é verdade – acerca da autorização do Ministério da Cultura para a captação de R$ 4 milhões para a produção de um filme baseado na vida de Bruna Surfistinha: O Doce Veneno do Escorpião.
A grande discussão que se abre é se um filme baseado na história da prostituta é ou não cultura e, portanto, se pode ser destinatário de recursos oriundos de isenções fiscais.
Antes de mais nada é imperioso destacar que a alegação da própria, estampada em seu blog e reproduzida pelo Aderbal, não encontra sustentação fática. Diz ela:
“O Governo AUTORIZOU A CAPTAÇÃO DE RECURSOS por meio de incentivo fiscal, ou seja, as EMPRESAS que quiserem patrocinar o filme podem fazer isto e abater estes valores do imposto que ELAS iriam pagar, assim, nada tem a ver com o imposto que alguém pagou ou deixou de pagar, muito menos que o Presidente vai vir aqui em casa trazer um cheque de quatro milhões para ser investido no filme.”
Todavia a isenção de impostos significa, sim, que o povo está pagando por isso. Ou seja na medida em que o Estado aceita deixar de arrecadar recursos para que se invista no filme da Bruna, vai, com certeza, retirar recursos de outras áreas para cumprir o seu papel. E todos sabemos que o cobertor é curto, ou seja se cobre a cabeça vai descobrir os pés.
Por mais que alguém goste ou tenha a curiosidade de ver um filme – pornô ou não – acerca da vida da Srta. Raquel Pacheco tenho dificuldades em relacionar isso, de alguma forma com cultura. Ou estou errado?
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Simplesmente dinheiro jogado no lixo.
Não entendo! e as campanhas para acabar com a prostituição de menores? como vai ser filme? vai entender isso!
Não é possível, não vai ser um filme, vai ser um video mau feito, isso não tem nada a ver com cultura, e olha que até em alguns filmes pornôs podemos notar alguma cultura, mas o dela, nem de longe. E o governo quer financiar?
Jorge!
Cheguei aqui pelos escritos do Cardoso. Sou produtor cultural na área de literatura mas focando seu uso no fomento do hábito da leitura, desenvolvendo tecnologias socioculturais voltadas para isso.
Tive já projetos aprovados mas que caducaram por não ter conseguido patrocinadores, o que não acontece com quem é da máfia “cultural”.
Tenho em elaboração um artigo (talvez uma série deles…)sobre os incentivos fiscais pela Lei Rouanet, seu desvirtuamento dos propósitos originais.
Sobre cinema, em específico, continuam patrocinando e produzindo filmes e mais filmes de gosto cada vez mais duvidoso e ainda, que poucos o verão. São poucas as salas e filmes novos que chegam a cada momento têm que ser exibidos.
Assim, o meio torna-se o fim em si. Captar dinheiro incentivado é o negócio, não as bilheterias.
Viva o Brasil.
[…] jornalista e cidadã Vinho? Adoro vinho! – Cronicanet Conselhos para quem vai casar – Lino Resende Bruna Surfistinha e a Cultura – Direito e […]
Cardoso,
Eu sei que tu sabes que há uma diferenças monumental entre Nelson Rodrigues e Raquel Pacheco. O primeiro era um jornalista e escritor consagrado. Suas obras tinham muito de referência à hipocrisia da classe média e nada de pornografia. Ao passo que a “obra” da Bruna Surfistinha nada mais é que um diário de uma vida muito ordinária igual a de tantas outras garotas de programa.
Bem, inviabilizaria todos os filmes de Nelson Rodrigues, por exemplo.
O problema de questionar o tema do filme, é que caímos em uma estrutura castrista, onde o Estado decide QUEM e o QUÊ será feito.
Já acho a necessidade de apresentar detalhes como roteiro excessivos. Se há uma legislação de incentivo, para que o Estado não interfira no que é produzido, deveria ter como exigência apenas a idoneidade do cineasta, um projeto bem estruturado e garantia do capital privado que se associaria à renúncia fiscal.
Depois que o ministério patrocinou a Tati quebra barraco baseado no fato de que ela era amiga da Preta Gil, o que dizer?